O projeto
O projeto de valorização cultural e turística do Caminho de Torres congregou cinco comunidades intermunicipais da região norte de Portugal (Douro, Tâmega e Sousa, Ave, Cávado e Alto Minho) - as quais estabeleceram um protocolo, assinado em Penafiel, a 24 de março de 2016 - e estabeleceu uma área de intervenção de 234 quilómetros, entre Ponte do Abade (Sernancelhe) e a ponte internacional sobre o rio Minho (Valença do Minho), que abrange quinze municípios: Sernancelhe, Moimenta da Beira, Tarouca, Lamego, Peso da Régua, Mesão Frio, Baião, Amarante, Felgueiras, Guimarães, Braga, Vila Verde, Ponte de Lima, Paredes de Coura e Valença do Minho.
O projeto, que conta com uma comparticipação nacional de 15%, foi aprovado em janeiro de 2017 e finalizado em 2021. Apesar da sua incidência regional limitada aos municípios que integram a região Norte do país, o trabalho então efetuado beneficia a totalidade do Caminho de Torres, sobretudo nas áreas de promoção e valorização. Com efeito, não houve intervenção física no itinerário abrangido pelos concelhos de Aguiar da Beira, Trancoso, Pinhel e Almeida, tal como não foi candidatada qualquer ação de qualificação nas regiões espanholas por onde o caminho passa (Galiza e Castela e Leão). No entanto, as ações de valorização privilegiaram a totalidade do itinerário, de Salamanca a Santiago de Compostela, abrangendo assim, também, os troços que fazem parte do Caminho Central Português (a partir de Ponte de Lima).
O trabalho conjunto e articulado das cinco comunidades intermunicipais promotoras não pretendeu promover apenas a dimensão peregrinatória do Caminho de Torres, mas antes aproveitar a existência deste itinerário para gerar mais-valias culturais e turísticas regionais e locais. Foi pensado como um projeto-âncora, dialogante com outras operações já implementadas ou a implementar no terreno, e transversal numa ótica de desenvolvimento regional que potencia as singularidades culturais dos diversos territórios.
O programa foi estruturado em três eixos de ação. Iniciou-se com o estudo e o diagnóstico do itinerário na área de intervenção intermunicipal, no sentido de fundamentar a autenticidade do traçado reconhecido por Luís Quintales, identificar oportunidades de qualificação paisagística e patrimonial, avaliar necessidades de sinalética e intervenções de segurança para os peregrinos. Com o apoio das associações de peregrinos Espaço Jacobeus e Via Lusitana e dos municípios, que disponibilizaram um técnico para acompanhar a equipa, elaborou-se um relatório-diagnóstico que orientou os trabalhos futuros de qualificação e de promoção do caminho.
A colocação de sinalética foi a face mais visível do programa de trabalhos. Seguindo os critérios internacionalmente definidos pelo Plano Xacobeo, este eixo pretendeu dotar o Caminho de Torres de homogeneidade sinalizadora, relegando para segundo plano as tradicionais setas amarelas pintadas em muros, postes e vedações, fazendo com que o tempo as apague. Não se tratou de uma integral renovação da sinalética jacobeia existente, mas antes de um reforço dos troços já sinalizados e da colocação de marcos e painéis nos novos traçados associados ao caminho, como ocorreu nos concelhos de Baião, Lamego ou Guimarães (adiante mencionados). Por outro lado, alguns troços estavam já providos de sinalética padronizada específica, como nos concelhos de Braga e de Amarante – onde as respetivas autarquias haviam já promovido essa intervenção -, ou no centro histórico de Guimarães – área classificada como património mundial. Por representar, à escala local, uma necessária alteração da paisagem, a colocação de sinalética foi acompanhada pela realização de sessões de esclarecimento e de sensibilização das populações locais, momentos que foram aproveitados para lançar as bases de um vínculo agregador e protetor do caminho nesses territórios.
No âmbito da promoção, o Caminho de Torres dispõe de site próprio (caminhodetorres.pt), brochura de divulgação e guia (em português, castelhano e inglês), mapa de bolso (em cinco línguas) e um conjunto alargado de merchandising dirigido aos peregrinos, grupo-alvo de todo o programa e razão de existência deste Caminho de Santiago e do investimento público agora realizado.